
- Busco em mim a reaproximação com a poesia, que há algum tempo afastou-se. Os urubus rodeiam sobre minha cabeça obscurecida, estou faminto de criação, sinto-me frio! Seco! Quero saborear cada palavra cada ponto e vírgula. Escrevo o que sinto o que temo o que não entendo, às vezes com o português errado, mas tentando entender.
Imagino-me no fundo do mar, bem no fundo, ressaltando fortemente das águas geladas do oceano com os braços abertos a abraçar o por do sol, desenhando a sombra do redentor nas areias da praia de Ipanema, transparecendo todo o amor e toda a paz para esse mundo de governos desgovernados...
O povo deslumbra-se dos encantos imagináveis, surreais, nutrem a falsa esperança. Cada um vê o que quer, do jeito que quer, mas não pensa o que quer, pois sequer tem domínio de sua mente enferrujada, corrompida, consumista consumida pela mídia.
‘Universais’ compram e vendem almas...
A praia está lotada, o mundo está lotado de pessoas desorientadas, poderosos ditadores loucos, disfarçados nos seus sorrisos cínicos e seus rostos redondos de calabresa e mussarela! Eca. Povo iludido, conformista, enganados por sua própria crença acalantada.
Ouço vozes embaraçadas, idéias fragmentadas em idéias, algo invisível que não nos deixa em paz; fecho os olhos para tentar enxergar. Deixe o som dominar suavemente sua mente, correr por suas veias, misturarem-se pelo seu sangue, pelos seus sentidos, abrindo espaços para novas visualizações e percepções jamais percebidas. Sinta a si mesmo.
Meu corpo molhado está renovado das águas frias, dos sons, da alegria, da poesia que renasce no terceiro dia. O distanciamento às vezes faz bem, muito bem.
É tão simples ser feliz, que acaba complicando nossas vidas. (Ray Cenna Rabello)